quinta-feira, 21 de outubro de 2010

movimento triste

triste, sem saber o que fazer,
esperando as horas que se aproximam
com seu séquito, arauto de tristezas
ouço o som de sua banda
a marcha da despedia ao longe

pior é não saber,
mais fácil quando se sabe

queria fugir pra algum lugar
esconder meu coração para
que não o levassem embora

saber que nada posso
impotência inóspita
aloja minha alma

e nos últimos
instantes minha mão vagueia tentando decorar
alguma parte esquecida de seu corpo
os pelos, as pintas e as marcas, todas as marcas

movimento do café

vamos tomar um café, falar das vias da vida que transformam-se,
que tornam-se e entornam-se em algum lugar,
vamos tomar um café, antes que ele se esfrie,
antes que anoiteça, pra que que não nos esqueçamos
do desenho do rosto do outro,

vamos tomar um café apenas para que possamos nos olhar,
é bom olhar o amigo, bom o olhar amigo

vamos tomar um café pra nos embeber do olhar amigo que tudo abona,
Vamos tomar um café, faz tanto tempo, não tenho muito a dizer,
talvez você também não, mas isso não importa,
quero apenas ter a certeza de que você continua sendo,
de que somos ainda e que de alguma maneira nos temos.

Vamos tomar um café mesmo que seja
só pra matar a saudade nos olhares,
e saber que ainda tenho amigos.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

cantoria do adeus

triste no meu deserto de vento
meus olhos queimam
pela histeria das lagrimas

tentando ainda em vão acreditar
em que canto nem sei,
invento a cantoria mendaz
enganando-me no som que criei
para embalar minha descrença
pra que ela durma,
pra que eu não veja o mais que candido
desse momento.

eu me perdia em todas as desculpas
para protelar o adeus
não via a indifrença, nem o ostracismo em que colocava-me
pensava cansaço, trsiteza, pensava tudo, menos a realidade
do que era sua frieza.

horrivel as horas de mãos fugidas,
fingidas em cansaço, descaso disfarçado
em desculpas de ambos os lados

trisite sentir o que o outro já não sente mais,
pior é fazer-se crer nisso
doi o insupotavel da dor
que não grita pela fraqueza
da alma, do corpo, do ser

foge a compreensão esse sentimento
sem tamanho, sujeito ao desrespeito,
ao descaso, a humilhação, em troca de
pouco, muito pouco

como alguem contenta-se com
isso? Quanto há do amor
nesse peito sem medida?
quanto há de doença em minha alma
pra que eu suporte tanto?

parece veneno, toxico, absurdo,
por que todos conseguem ver, menos eu?
ou só eu vejo o que os outros não veem?
por que não concluir o que já está concluído por
si só?

preciso encontrar a descencia do ser novamente
a dignidade no meu olhar, olhar me nos meus olhos,
sem vergonha nem medo, saber que fui violentado,
mas estou vivo, encontrar nessa dor dilacerante
que ficou, outra forma de vida, outro homem em mim
ou estarei definitivamente morto

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

talvez

Talvez eu morra um pouco hoje
porque sinto me triste
e insisto, mesmo quando já não ouço
sinais do outro lado

Talvez eu morra um pouco hoje
por sentir-me fraco
pra suportar a tortura de teu silencio

Talvez eu morra um pouco hoje
por ver em teus olhos
a indiferença com que me olhas
por saber-me morto pra ti

Talvez eu morra um pouco hoje
pela ausência de tua gratidão,
pelo que me tornas em tuas palavras

Talvez eu morra um pouco hoje
pelas migalhas que sobram-me
de ti, por esperar-te todas as horas
sem saber-te

Talvez eu morra um pouco hoje
pela tua necessidade de outro ser
por não conseguir ser o unico

Talvez eu morra um pouco hoje
por não conseguir tocar-te

Talvez eu morra um pouco hoje
por amar-te demais e não encontrar-te em
lugar algum

Talvez eu morra um pouco hoje
atropelado pela lentidão das horas
que não se fazem cumprir, enrolando o tempo,
enlouquecendo na espera que o
tic tac cale se inesperadamente

Talvez eu morra um pouco hoje e pra sempre
porque preciso esquecer-te
e ai nada mais fará sentido

Talvez eu morra um pouco hoje
pela loucura que cheguei
no amor, a ponto de não reconhecer-me mais
em mim, e em nenhum lugar

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

movimento do desacerto

Ah! se eu pudesse dizer, falar o que cala aqui
minha voz presa na garganta enforcada,
como é triste, ou como estou triste
vivendo esse faz de conta que não sei onde acaba e se acaba
tenho medo dos estragos que ele deixará, que já deixou.

preciso refazer me, encontrar um ponto de retorno,
não sei onde, durmo e acordo no espanto de
como se a vida parasse aqui, como se não houvesse mais possibilidade
de nada, encerrar, vontade de partir,
morrer por ai, e já sinto me morto
não vejo me mais nos olhares e lugares das pessoas
e em seus círculos, sinto me só em meu isolamento,
sem força pra atingir quem quer que seja.

onde foi parar meu brilho, se é que ele existiu.
Vivo num cárcere fingindo felicidade, já não sei mais
o que é minha dor, nem provoca mais o choro em mim.
sinto, e meu sentir é um sentimento profundo, onde o ar
que respiro parece não ser suficiente para sustentar me.

Ah! como queria a mão , aquela mão que afagava me na infância,
que dava me sustentabilidade, que fazia me crer,
no momento nada me faz crer.

Olho pra frente como quem vê o escuro, a nevoa
Como escolhi perigos demais, brinquei acreditando
ter uma saída, superestimei minha capacidade de saber
nada sei, sinto me um idiota,
deixei o tempo passar demais sem ter nada feito.

E agora? O que faço? Para onde corro?
Morro a cada instante aqui dentro.
Será que tem alguem ai? alguém que possa ouvir me,
abrir a porta, tirar me dessa escuridão.

Vou ficar aqui aguardando no meu castelo falso,
de príncipe falso, meu castelo de areia.