quinta-feira, 19 de setembro de 2013

movimento estranho

Acho que o mundo nunca se apresentou a mim tão estranho
Não reconheço mais as cores
Os dissabores desbotaram-nas
Tudo é pálido

Falta força
em minhas mãos
gosto em minha boca
sensação de aproximar-me do fim
E como a vida é inútil!
A mim foi, tem sido

Desperdicei encantos
em tantas coisas fúteis
Acreditei por demais no amor
mas este, só existiu em mim
e me fez olhar o mundo
como os olhos do outro,
mas nunca ninguém viu o mundo por mim

Fui generoso, amigo
e nos momentos mais insólitos
dividi o que eu não tinha
só pra ver um sorriso
no rosto dos que amei

No entanto, só colecionei
Solidão
Nas horas mais precisas
nem uma mão veio até
a mim
E eu morri, nas manhãs,
nas tardes e noites por aí,
Mas isso, não interessa a ninguém

Parto,
E que o diabo me carregue
pra bem longe
Onde nenhum pensamento pense
e eu possa descansar enfim

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

movimento do mar

Olho o mundo e não entendo viver
Tudo parece,
nada é ou foi

Suposições, fantasias
que me arrasam quando
noite,

porque o dia sempre termina
o que sobra são as realidades
não as alegorias inventadas
por mim
e os castelos se vão na maré alta por inteiro

Não quero mais fazer castelos,
Só cavar buracos
para que o mar preencha
ao invés de levar

Preciso aprender isso,
fazer buracos,
Para que o mar não me roube
nunca mais

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

movimento da desesperança

Quero morrer pelas ruas, no deserto do meu silencio,
bêbado das minhas incertezas.

Quero morrer pelas ruas dançando o ultimo tango 
debatendo nas paredes pintando as guias de sangue

Quero morrer pelas ruas na noite escura e muda entre
os bebados e as putas em meio as algazarras deles 

Quero morrer pelas ruas na noite de lua nova e ser esquecido
como um bicho qualquer no meio da avenida,
se desfazendo a cada passar de um carro,
até que não sobre absolutamente nada.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

movimento das palavras

às vezes me perdia nas horas ou elas em mim,
escorria o tempo,
eu paralizado ouvia as palavras ditas por você,
que por vezes me atravessavam
como um ferro em brasa,
mas a dor cindia entre o que dizias
e o que eu não conseguia rebater
porque você não ouvia,
nem a você, nem a mim

era a música da loucura apresentando seu
show, mais que espetacular,
meticulosamente desenhado como
projéteis
certeiros,
sim, certeiros,
muitos de mim morreram,
meus sítios destruídos
entulhos de destroços,
mas ainda restou um
e esse você não sabe
onde encontrá-lo