segunda-feira, 12 de maio de 2014

movimento da morte



Olhava tudo ao meu redor
no ultimo instante, enquanto encerrava as ultimas coisas,
enquanto embalava as ultimas lembranças
e finalizava as ultimas lagrimas.

Chegara a hora

Era preciso encarar a morte,
afinal, a morte tem o seu papel e é precisa. 

Falo da morte crua, em seu estado mais bruto
Sem romances, sem fantasias,
sem a esperança do renascer,
de outra vida em outro lugar
Sem essa covardia de não aceitá-la tal qual ela é 
o fim, apenas o fim. 

Cada coisa tem sua função, e a morte tem a função do fim.
Fim de uma jornada, de uma coisa, de uma história, de uma vida. 
Essa é a morte que me interessa,
que agora encaro,
a morte necessária, por mais difícil, por mais dolorosa

Não serei resistente, prometi a mim que não
Dói uma dor que não se traduz.

Não sei se já deu meia noite,
envolto no barulho do vento perdi a noção do tempo

Já não ouço mais nenhuma voz,
nenhuma única voz
Percebo que todas aquelas cantorias eram só ilusões
Eu sempre estive só
Abro as janelas, as mãos, deixo que o vento se vá,
e leve com ele a vida que existia em mim,
pondo assim um fim ao tempo.